terça-feira, 26 de agosto de 2008

PROBLEMAS NO INTERCÂMBIO 1


Olha... eu tô aqui na Nova Zelândia há uma semana...conheço um monte de gente que tá contando os dias pra ir embora! Conheci uma menina que tava em Miami que não agüentou ficar mais de 4 meses e se mandou... É que aqui eles não têm a mordomia do Brasil. Não têm festa toda hora, não têm churrasco, não têm empregada, não têm os amigos do Brasil, não têm a mãe prá fazer tudo por eles... claro que tem exceção, mas a maioria apresenta estes sintomas"

Selecionei este tópico no Orkut, (Comunidade Intercâmbio) ele demonstra o sentimento das primeiras semanas do intercâmbio.
É uma situação bem freqüente e que deve ser analisada pelos pais e pelo jovem.
Esta informação não deve servir como um desestímulo, mas apenas como advertência e orientação.
Terá meu filho condições emocionais para viver uma temporada muito grande no exterior?
Os jovens, como é natural, são empolgados e muitas vezes entram nas situações sem avaliar suas reais possibilidades emocionais.
Uma boa avaliação é fundamental para que a viagem seja de fato inesquecível e não um episódio que possa causar frustração e decepção para todos, tanto pais, quanto para os filhos.

Acabei de voltar do meu intercâmbio e estou com um sentimento horrível. Tudo parece chato, sem graça, pequeno. Odeio tudo e me sinto um lixo. Não consigo me imaginar longe da minha vida, porque pra mim minha vida não é mais no Brasil. Tudo que faço agora virou sem graça e minha rotina é completamente irritante. Estou magoando meus pais e amigos, porque estou totalmente triste. O que eu faço? Estou em pânico, alguém me ajude?”

Depois de ler este tópico no Orkut, fiquei pensando que ele é o oposto do tópico anterior.
Os jovens do post anterior não estavam preparados para sair do Brasil, ficaram presos as suas vidas daqui, suas mordomias, seus amigos, enfim acabaram não se adaptando.
A garota acima não está segura se vai conseguir viver a sua realidade aqui no Brasil depois de experimentar a vida em um outro país, tão maravilhosa foi sua experiência no intercâmbio. Todos os dois casos merecem uma reflexão. Como não sou, convidei uma leitora do blog que é psicóloga para contribuir com a análise das situações descritas nos dois posts.

Também sou Márcia, também sou mãe de intercambista e como psicóloga fiquei matutando as idéias depois que a Márcia me convidou para escrever sobre os dois assuntos.

Acredito que o mais importante é o intercambista e a família se interarem dos todos os assuntos envolvidos com o intercâmbio - culturas e hábitos diferentes, convívio em uma família estranha, alimentação - uma questão muito importante, horários díspares, aprendizado duvidoso – optar pelo programa mais barato, gostar muito de sair à noite e ir para uma cidade pequena, não tolerar frio e ir para o Canadá, são exemplos de algumas questões a serem bem estudadas antes da escolha do programa.

Pesarem os prós e os contras de cada opção, preferencialmente com muita antecedência, muito antes de fazerem suas escolhas.

Ter bem claro o que querem, para não criarem falsas expectativas.

Como se vê a garota que não consegue viver sua realidade aqui pode ter misturado o real com o ideal, idealizado tanto o intercâmbio que só consegue identificar coisas positivas lá e tampouco consegue fazê-lo aqui, pois aqui só consegue identificar coisas negativas.


Muitas experiências de intercâmbio são na realidade experiências de vida adolescente, sem o compromisso da vida adulta (inclui lidar com frustração o tempo todo), mesmo que o intercambista “rale” lá fora, ele assume aquela realidade descompromissada, chegando a idealizar aquela experiência de vida, que era um ideal, com novidades e mais novidades. E quando volta, tem que mostrar que amadureceu com aquela vivência, tem que assumir suas coisas aqui, assumir o mundo real, isso pode ser um choque!


Por outro lado, as diferenças que um país desenvolvido pode oferecer em comparação com o Brasil são significativas, aqui o trabalho é mais escasso, o mercado mais competitivo e com muita exigência para o jovem.

Outros aspectos como segurança, eficiência nos serviços em geral e qualidade de vida nos países desenvolvidos são muito diferente no Brasil.

Portanto, é fundamental salientar que o retorno também gera um desequilíbrio, gera estresse e necessita uma readaptação.

Aquele que retornou do intercâmbio deve traçar metas realistas após a volta, priorizar seus objetivos, buscar gradativamente o retorno das atividades anteriores e estudar novos projetos para o futuro.

Continuamos o assunto no próximo post.

5 comentários:

•Nico disse...

Gostei dos argumentos, mas achei que o texto puxa muito para o lado de 'lá fora é muito bom mas contente-se com o que tem aqui, volte a se acostumar com o que tinha e a ser o que era'.
Não sei que solução daria para um jovem assim, de modo que também me vejo na mesma posição quando fizer um intercâmbio e voltar.

À dona do blog, posso dizer que gostei bastante dos textos, só acho que deveria tirá-los do itálico pois dificulta a leitura.

Voltarei sempre, está de parabéns

MARCIA CASARES disse...

O itálico foi colocado para destacar o texto escrito pela psicóloga.
Eu, assim como vc, não saberia muito lidar com esse problema, razão pela qual convidei uma psicóloga para escrever este texto.
Obrigada pelos elogios e volte sempre!

Anônimo disse...

Marcia, A-D-O-R-E-I o teu blog!
Tem realmente quase todas as informações necessárias para um intercambio.

Mostrei para a minha mãe, mas como sou eu que estou organizando, está sendo mais útil pra mim. Ela confere tudo, mas eu gosto tanto de começar a curtir a viagem antes, que estou providenciando tudo.

Vou passar 6 meses em Perth, na Australia. Tenho família lá e isso diminui muito o custo, que para um curso de 6 meses é altíssimo! E a vantagem de que lá não tem dessa de ser brasileiro! Minha tia proíbe o português em casa!

Continue postando! É um blog muito útil e gostoso de ler! Parabéns!

MARCIA CASARES disse...

Camila, não há nada que me deixe mais feliz do que ler um comentário tão simpático!
Aproveite bem sua viagem, e leia o blog, que tem muitas informações úteis que podem facilitar seu intercâmbio!
bjusssssssssssssss

Anônimo disse...

Olá,

Realmente muito interessante o blog, pois trata de assuntos bastante em evidência! Sou consultora de intercâmbio e lido com essas problemáticas o tempo todo!

As dicas são excelentes! Parabéns! Vou indicar seu blog aos meus clientes!